Me pergunto se esse algo perdido fosse o certo? E se eu não o tivesse deixado ir?
Camila Pereira
Brincar com as palavras é um Dom... Saber aprecia-las é uma virtude!
Um teto branco. Uma luz apagada. Lembra do tempo em que essa era sua paisagem ao acordar? E você podia distinguir cada matiz de branco existente no mundo da inexistência de cor?
Os números vermelhos não te assombravam, gritavam silenciosamente para você acordar e escovar os dentes, porque não havia mais tempo pro banho. Você não precisava correr atrás de um ônibus, você podia se dar o luxo de pegar o próximo metrô. Você mastigava um pedaço de carne mais de 30 vezes, e até conseguia lembrar do gosto dele quando ia assistir televisão.
Relógio de pulso estava fora de moda, e você podia conversar horas com aquele seu grande amigo, e receber horas de reclamações de sua mãe pela conta alta do mês passado. Agora sua mãe se impressiona como você cresceu em tão pouco tempo. Mal sabe ela que você na verdade envelheceu.
E dói saber que naquele minuto que você resolveu aproveitar para estudar mais um pouco, na calada da noite, você deixou de sonhar por mais um minuto.
Você não tem mais tempo para sentir o ar que respira, nem um piscar de olho, nem o fato de que tudo ainda está lá quando a escuridão se desvanece. Você não tem tempo de beijar a testa de sua irmã mais nova, porque o curso de francês te espera. Pardon.
Você só pode escrever monografias e dissertações. As poesias estão relegadas a poeira da inércia, em alguma gaveta junto com o seu romance favorito, o CD de sua banda favorita, o futebol de sexta a tarde, a praia no sábado, o happy hour na quinta.
Uma corrida perdida. Não adianta buscar os minutos que se esvaem.
A diversão é supérflua. Sonhar é supérfluo. Procrastinar é inadmissível. Ponteiros, vida, ou o que restou de uma vida em que antes você podia pensar sobre absolutamente nada, sem se arrepender.
Lembra do tempo, em que o tempo não importava?
Autor Desconhecido
Pouco me recordo dos versos que te dediquei um dia...
Um conto sobre sol e tempestades que metaforizava e explicava o porque de não te amar.
E veja só, já fazem algumas primaveras que me prendi a você num laço tão forte, diria ate um nó cego.
Eu admiro tua íris da mesma forma que admiro um céu sem nuvens.
E sinto teu amor por mim com mesma intensidade do frio que queima.
Todavia, ainda carrego um coração hipoplásico, imaturo e infiel aos seus próprios desejos, o mesmo que te apresentei lá atras.
Olho pro horizonte sem fim, e vejo o futuro que você já preparou para nós...
Borboletas no estomago aparecem em vez do brilho no olhar.
Talvez esta seja mais uma tempestade que estamos enfrentando, ou, pra tristeza dos que nos cercam, o diluvio que ha tempos insiste em destruir nossa arca.
Eu não sei, eu nunca sei, e você sabe bem mais que eu.
Procurei na gaveta velha onde guardo poemas antigos mas não encontrei. Acredito que seja mais uma artimanha do destino me impedindo de lembrar o que te escrevi naquele dia... o que te escrevi sobre sol e tempestades.
Camila Pereira
Ontem me encantei com o voo de dois pequeninos passarinhos.
Eles brincavam com o vento e faziam acrobacias entre os galhos das arvores.
Pode parecer inacreditável, mas eles sorriam, estavam felizes.
Magistral!
Foi o suficiente pra imprimir no meu rosto um riso espontâneo que perdurou por alguns muitos minutos e que persiste até agora no meu coração.
A pior coisa do mundo é quando alguém faz você se sentir especial, e de repente, te deixa de lado.
Todo amor me destróiTodo amor é espetacular. Atropela-se e se atropela tudo. Tudo. Todos.Todo amor peca por excesso, mas não há o que fazer se é um sentimento que é em si e por si mesmo inteiro, completo, absoluto. Não deveria existir. Ele exige o mais de quem ousa advogar em seu nome. De quem ousa tocá-lo.Todo amor se julga perfeito. É feito um deus, pois que nunca se o viu, mas desperta sentimentos, desejos, culpas, dita regras, estabelece princípios, filosofa. Mas tal qual um deus, o amor nunca disse nada. Fala por seus agentes. Por seus ditos detentores. Fala por nossas bocas humanas, imperfeitas. Agente poderoso, é usado como justificativa para desatinos, para loucuras, para o que seu possuído necessitar. Assim o é.Tanta entrega. Tanta alma. Tanto calor. Tanta paixão. Tanta posse. Mas a verdade perturbadora, imutável, é que não temos, nunca tivemos nem nunca teremos ninguém; como ninguém nos terá, mesmo que cuspamos essa mentira, na forma mais sincera. Mesmo que acreditemos.Estar é o único caminho entre ter e ser. Essa angústia maldita que nos acompanha: não temos, nem somos nada. E só estando o amor poderá sobreviver. Estar apaixonado é um estado único, onde o amor se torna um elo invisível que une corpos e histórias. Isso é real. Isso é único. O resto é barbárie humana para atender necessidades outras, fulas, nulas, insignificantes; para nos satisfazer egolatrias. Precisamos ser. Precisamos ter. E nada disso existe de fato. E isso, sim, nos mata mais do que a própria expectativa da morte.Estou vivo. Sou um ser. Sou verbo. Estar é a única resposta. É a única perene. Que se movimenta. Que não se solidifica ou envelhece. Estar é um momento único no tempo e se renova a cada pensamento.Que assim, o amor aceite a falência das baixas necessidades humanas que deterioram, deturpam e corroem o outro. Que possamos aprender a amar em si e estar o amor a cada segundo, em sua plenitude. Pelo outro; não sobre o outro; não ter o outro; não pela presença do outro, mas por sua existência.Talvez o amor que está, que não tem, que não é simplesmente não exista. Mas depois de descobrir sua possibilidade, sua forma, essa idéia rica, a busca se torna imperativa, imprescindível, necessária.Fora esse conceito, fora essa imagem, todo amor me destrói